Abelhas são insetos altamente especializados, possuem a capacidade de comunicação por meio de vibrações sonoras e alterações químicas que são importantes para a sobrevivência das mesmas. Elas transmitem informações sobre as fontes de alimento, como a disponibilidade, a localização exata e o cheiro.
Diversos estudos têm demonstrado que esses insetos tão necessários à preservação de nossa biodiversidade e consequentemente à vida no planeta, têm sofrido as consequências das mudanças climáticas.
O aquecimento global afeta a morfologia do corpo das abelhas, prejudicando o desenvolvimento cognitivo e a comunicação entre elas dificultando o reconhecimento das flores, interferindo nas habilidades sociais, e diminuindo a sobrevivência da colônia a longo prazo.
A escassez hídrica influencia diretamente na termoregulação das colmeias, bem como na morte de crias, por desidratação, além da diminuição das floradas em virtude de secas mais prolongadas.
Outro fator preocupante é a enxameação que ocorre devido ao abandono da colmeia pelas abelhas em busca de lugares mais frescos. Em climas quentes, as abelhas forrageiras correm o risco de superaquecimento durante a coleta de alimentos, e por proteção diminuem a duração das viagens de coleta de pólem, bem como, encurtam as distâncias para o forrageio, o que acarreta menor produtividade, e por vezes até mesmo não reconhecem o caminho de volta para a colmeia.
As alterações de temperatura podem modificar a maneira como as plantas desenvolvem suas etapas de germinação, floração e frutificação, obrigando as abelhas a adaptarem-se a essas mudanças, o que de certa forma desequilibra a oferta de alimentos para as mesmas.
Outra estratégia utilizada pelas abelhas quando a temperatura se eleva é a coleta de água pelas operárias e distribuição interna na colmeia para seu resfriamento.
Todas essas mudanças, e estratégias utilizadas por esses insetos significam mais gasto energético, menor produção e estoques de mel para a colônia, menor produtividade, maior abandono da colônia, perdas de enxames, e portanto, insucesso da atividade.
O desaparecimento das abelhas prejudica enormemente o trabalho de polinização e aumenta a insegurança alimentar em virtude das abelhas serem responsáveis por esse trabalho ambiental, em 70% de tudo o que consumimos. De outra parte, com o aumento no número de abelhas poderíamos aumentar em 25% a 30% a produtividade das culturas agrícolas importantes para a alimentação.
Neste sentido, podemos recomendar que em momentos como este com aumentos históricos nas temperaturas, as colmeias estejam em lugares sombreados, com cobertura adequada, que as abelhas recebam reforço alimentar e que os apiários tenham disponibilidade de água, proporcionando conforto térmico e o bem estar das colônias.