A crise do entretenimento na pandemia: 350 mil eventos adiados ou cancelados e R$ 90 milhões ‘perdidos’


Além das mais de 233 mil mortes causadas por Covid-19 no Brasil e os quase 10 milhões de casos registrados da doença no país, a pandemia trouxe outros números alarmantes que acenderam o sinal vermelho em diversos setores, incluindo, o do entretenimento.
Segundo Doreni Caramori Júnior, presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape):
Mais de 350 mil eventos deixaram de ser realizados em 2020 (o número inclui shows, festas, congressos, rodeios, eventos esportivos e sociais, teatro, entre outros);
O que fez com que o setor deixasse de faturar ao menos R$ 90 milhões;
Hoje, 97 em cada 100 empresas não estão trabalhando;
Cerca de um terço das empresas fechou suas portas. E um terço das empresas vão ter muita dificuldade pra reabrir.
“No nosso caso, o setor está parado por obrigação. Não é que a gente não tem cliente, não é que teve uma mudança tecnológica que afastou as pessoas do entretenimento. O fato é que o setor está proibido de trabalhar.”
“Nesse momento, nós somos o setor vulnerável da economia e se nada for feito, certamente a gente vai ser responsável por um desemprego enorme e por outras cadeias que são ligadas com a gente e que vão perder todo esse faturamento”, afirma Doreni.
Há duas semanas, cerca de cinquenta profissionais do setor do entretenimento, principalmente do mercado sertanejo, se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros para pedir medidas.
Parado desde março, o setor pleiteia uma linha de crédito, entre outras propostas apresentadas para Gilson Machado, ministro do Turismo, e Mário Frias, secretário de Cultura.
Parados há quase um ano
Dani Ribas, diretora da Sonar Cultural Consultoria e consultora para planejamento e gestão de carreiras na música, relembra que o setor do entretenimento foi prejudicado desde o início da pandemia.
“A maior parte viu atividades sendo adiadas ou canceladas. E lembrando que todas essas atividades que foram simplesmente adiadas, ainda não aconteceram. A gente está há quase um ano sem que esse setor tenha conseguido se recuperar”, analisa.
Ribas explica que, em março de 2020, logo na primeira semana de quarentena, realizou um levantamento em parceria com o instituto Data Sim. Nele, 536 empresas informaram se tiveram shows adiados e/ou cancelados naquela primeira semana de paralisação. Como resultado, observou que:
81,2% das empresas tiveram eventos adiados;
77,4% das empresas tiveram eventos cancelados.
“Essas 536 empresas relataram que, naquela semana, foram afetados mais de 8 mil eventos, somando um público diretamente afetado de mais de 8 milhões de pessoas. E um prejuízo estimado, naquele momento, de R$ 483 milhões de reais.”
“Claro que esse valor é um prejuízo pequeno se a gente pensar na extensão e na complexidade dessa cadeia produtiva. Esse número é só o levantado por essas 536 empresas já logo naquela semana”, aponta Ribas.
Fonte: G1